O frio está chegando e para nós aqui da região Sul do Brasil significa que está próxima a época de comer pinhão. Não dá para imaginar uma festa junina sem pinhão, não é mesmo? Mas afinal, você sabe da onde vem o pinhão?
Para começar, pinhão não é fruta, pinhão é semente – que por
sua vez é produzida por uma espécie de pinheiro, cujo nome científico é Araucaria
angustifolia. Popularmente, essa espécie de pinheiro tem vários nomes, como
araucária, pé de pinhão, pinheiro brasileiro, pinheiro do Paraná, entre outros.
Por ser uma espécie de pinheiro, o pé de pinhão pertence ao
grupo de plantas chamado Gimnospermas. Ou seja, são plantas de sementes nuas, que
produzem sementes sem frutos. O pinhão cresce numa pinha, que tem vários
pinhões juntos, mas sem um fruto para envolvê-los, diferente, por exemplo, como
por acontece com uma melancia, que tem várias sementes, mas estas sementes
ficam dentro de um fruto.
Você já reparou que quando um pinhão é cortado ao meio, é
possível visualizar um “fiozinho” bem ao centro? Esse fio é, portanto, um
embrião. Sim, um futuro bebezinho de araucária!
A função de toda semente numa planta é proteger e dar
nutrientes para o embrião daquela espécie poder germinar. Assim, quando se
planta um pé de pinhão, o correto é enterrar a semente de ponta-cabeça, e apenas
até sua metade, para que o embrião possa germinar pela ponta.
Ainda sobre a semente do pinhão cortado ao meio, a parte ao
redor do embrião é chamada de endosperma, que nada mais é que um composto rico
em açúcares e demais nutrientes, o qual fornecerá alimento na fase inicial do
bebezinho de araucária, para que ele possa germinar e depois crescer na terra. E
é por ter tanto endosperma que a semente do pinhão é tão gostosa e nutritiva.
Não é à toa que ela é apreciada não só por nós humanos. Muitos animais adoram
comer pinhão, tais como papagaios, gralhas, cotias, veados, macacos e formigas,
por exemplo.
O pé de pinhão tem uma importância ecológica crucial, pois além
de fornecer alimentos para diversos animais, garante abrigo para tantas outras
espécies e é considerada uma planta pioneira, isto é, ela é a primeira a ocupar
locais degradados e consegue melhorar as condições ambientais para que diversas
outras plantas consigam se estabelecer. A araucária ainda é considerada uma
planta fóssil, pois há registros que ela já existia no território brasileiro
desde a época dos dinossauros.
Infelizmente, em décadas passadas, as florestas de araucárias
foram intensamente devastadas e hoje encontrar extensas regiões com araucárias
é algo raro. A araucária ocorre somente em locais de maior altitude, ou seja, onde
as temperaturas médias anuais são mais baixas. Originalmente, as Florestas de Araucária
ocupavam um grande território da região Sul brasileira e aqui na Bacia
Hidrográfica do Rio Tijucas, ela ocorria nas regiões altas dos municípios de
Rancho Queimado, Angelina, Leoberto Leal e Major Gercino. Tanto que em Major
Gercino existe uma localidade chamada Pinheiral, a julgar pela quantidade de pés
de pinhão que existiam por lá!
Como resultado de tanta degradação, hoje a Araucaria angustifolia, ou pé de pinhão, é uma planta criticamente ameaçada de extinção, sendo proibido o seu corte e o seu manejo é regulamentado pelo IBAMA e demais órgão ambientais estaduais e municipais.
E aí? Gostou do que aprendeu hoje? Então vamos exercitar o nosso conhecimento por meio de uma atividade disponível nesse link.
Toda vez que você for comer um pinhão, saiba que você estará
comendo uma planta histórica, que viveu aqui desde a época dos dinossauros, mas
que em pouco tempo do ponto de vista geológico, o ser humano quase conseguiu
extinguir. Devemos fazer o uso econômico da araucária de forma sustentável, para
garantir sua continuidade enquanto espécie.
1 Comentários
Uma informação valiosa
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